Wednesday, October 14, 2009

Bastardos Inglórios: a decepção

Vi hoje e sinceramente achei o filme decepcionante. Há cerca de um ano atrás vi o seu trailer pelo youtube e passei a adorá-lo incondicionalmente antes de assistir. Semana passada, numa mesa de bar, disse a uns amigos "sexta que vem, estréia o filme do ano". Porém nunca fui tão enganado por um trailer na vida. Eu não sou propriamente fã de Tarantino, mas gosto especialmente de dois filmes: Pulp Fiction e Death Proof (que acho q nunca passou no Brasil). Ainda acho Kill Bill bem legal. Uma coisa que me chamou atenção no trailer, foi o chamado à ultraviolência. Particularmente, acho uma perfeição estética abordagens sarcásticas da violência em narrativas, coisa que Tarantino faz com perfeição em Pulp Fiction e meio desleixadamente, mas com um resultado bastante interessante em Kill Bill. Quando vi o trailer, pensei que o enrendo ia ser sobre algo do tipo um comando (judeu ou não) da resistência francesa, ou algo parecido, trocando ultraviolência com os nazistas. Nada mais apropriado. E o filme vai dando sinais disso até que aparece um plano mirabolante pra matar Hitler e a galerinha mais próxima dele. Pra falar a verdade, até aí, tudo bem. Afinal, o plano não precisava dar certo e alguma coisa podia ser desenvolvida a partir disso. Mas não, o plano dá certo e os nazistas morrem num incêndio dentro do cinema. Não consegui achar nenhum argumento estético sustentável que justifique essa alteração bizarra da História (com agá maiúsculo mesmo). A única coisa que consigo dizer sobre isso é que acho que Tarantino quis agradar algum patrocinador judeu do filme dele que gostaria de ver o boneco de Hitler levando uns tiros na cara (é que além do incêndio, tem uns homens-bomba judeus [sensacional] atirando na platéia cheia de nazistas). Além disso, a ultraviolência desse filme quase se resume às tentativas pueris e ultrapassadas de demonstrar realismo em cenas violentas. O tipo de efeito visual que julgo extremamente pobre, principalmente se não for apenas um elemento secundário da tensão psicológica entre crueldade e humor que narrativas em ultraviolência precisam criar. Desse jeito, Mel Gibson também faz. Afinal, apesar de tecnicamente muito bem feito, todo mundo sabe que o nazista é um boneco e também sabe que o que jorra não é sangue, é tinta vermelha. Acho que Tarantino perdeu uma boa oportunidade confirmar o seu talento, que na minha irrelevante opinião parece agora muito duvidoso.