Usando uma das operações filosóficas??? mais comuns aos jornalistas, simplifico a oposição ao PT no Recife, chamando-a de direita. Bem, findado o pleito eleitoral, acompanhou-se novamente uma derrota desse bloco. Tentaremos traçar aqui os motivos dela. Primeiramente é preciso informar ao leitor que eu acredito que o princípio de alternância das elites no poder é salutar para a democracia. Sendo assim, é importante achar os motivos por meio dos quais, um partido está se tornando dominante na cidade. E achar os motivos dessa terceira derrota da direita é oferecer explicações para o predomínio do PT. O primeiro motivo é óbvio: a administração de João Paulo foi tremendamente bem avaliada. Seria muito difícil derrotar um candidato indicado por ele. Mas os outros motivos podem ser encontrados na própria direita. Vamos a eles. Os candidatos da direita foram o ex-governador Mendonça Filho, que tinha sido o vice no governo de Jarbas Vasconselos e o ex-Secretário de Turismo desse mesmo governo e deputado federal Raul Henri. Mendonça Filho pertence a um partido decadente, o DEM, que resolveu sabe-se lá para que, mudar o seu nome recentemente. O DEM em Pernambuco foi bastante ligado em outras ocasiões às oligarquias do interior do estado, o que de fato vem mudando, mas há tempos não apresenta mais nenhum apelo político no Recife. Arrisco-me a dizer, que pelo menos 2/3 dos votos em Mendonça foram simplesmente votos anti-petistas. Note-se que a sua menor diferença em relação a João da Costa se deu em Boa Viagem, área historicamente pouco propensa a votar no PT. Mendonça já fora derrotado na última eleição para governador, em primeiro turno, com o apoio de Jarbas Vasconselos. Era no mínimo um devaneio acreditar que ele venceria uma eleição majoritária no Recife. Raul Henri é um político de pouca expressão e sempre esteve sob a sombra do ex-governador Jarbas Vasconselos. E isso talvez tenha sido a maior causa de sua desgraça. Jarbas é um belo exemplo de político decadente, que apesar de ser senador do estado, não deve passar desse mandato. Não consegue eleger nenhum candidato no Recife desde 1996. E nessa eleição, ele perdeu duas vezes. Perdeu quando não conseguiu reunir a direita sob uma candidatura e perdeu quando o seu candidato obteve um inexpressivo terceiro lugar. O principal motivo do lado da direita dessa última derrota é a incapacidade que o bloco de oposição ao PT no Recife tem para se arejar e renovar seus quadros. Mendonça fez um fim de governo inexpressivo e sofreu uma derrota em primeiro turno para governador, eleição em que o DEM e Jarbas ainda têm certa retumbância. Isso deveria ter servido para acabar com as possibilidades de ele se candidatar à prefeitura do Recife. Mas não, o DEM lançou a candidatura de Mendonça. Isso talvez tenha sido observado por Jarbas, que quis lançar um candidato diferente, mas o fato de o ex-governador se imaginar com alguma influência junto ao eleitorado recifense, fê-lo impor ao PMDB um candidato inexpressivo, cuja carreira é completamente associada a si. O resultado disso foi uma derrota, que deveria no mínimo servir para que Jarbas diminuísse bastante seu tom de voz dentro da direita recifense. E é esse o ponto crítico da explicação. A direita no Recife é um monumento à velharia. Compare-a com o exemplo do PT. João da Costa conseguiu, devidamente apoiado pelo prefeito, candidatar-se contra uma corrente poderosa no PT recifense liderada por Humberto Costa, quadro possivelmente dentro do nosso conceito de velharia, mas que em vez de tentar se lançar como candidato, tentou lançar Mauricio Rands, um quadro não tão novo como João da Costa, mas que ainda não disputou nenhuma eleição majoritária. A pragmática do PT é uma das razões do seu arejamento e em consequência uma das razões do seu domínio na política da cidade. Mas como a política é uma relação, é de se imaginar que a falta de renovação seja uma das razões para o fracasso da direita nos últimos anos. Particularmente considero que seria bastante salutar para a democracia se o PT fosse derrotado. Mas a vitória do PT deveria ter o efeito positivo, para a direita e para o princípio de alternância das elites no poder, de enterrar de vez a influência de políticos decadentes, como Jarbas Vasconselos, na direita e possibilitar o aparecimento de novos quadros. Mas o próprio Jarbas, em vez de ficar calado refletindo sobre a sua decadência, já lançou a candidatura de Sérgio Guerra para o governo do estado. Mais velharia, impossível. Se a direita fosse pragmática, lançaria um quadro novo do bloco (desligado das foças decadentes) na eleição para governador. Mesmo perdendo, esse novo quadro ganharia projeção e poderia se constituir em alternativa viável ao PT nas eleições municipais de 2012. Mas ao que parece, em tal eleição, ouviremos novamente a frase "todo poder ao PT".
Monday, October 6, 2008
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