Saturday, December 12, 2009

Dividendos excedentes

Acabei de ver uma bizarrice na televisão, a saber: um empresário francês resolveu criar um restaurante suspenso nos céus de Paris e cobrar uma quantia mirabolante para uma pessoa fazer uma refeição. O restaurante suspenso consiste em uma plataforma elevada por um guindaste até alguns metros de altura. Lá as pessoas ficam saboreando coisas da faceta esquisita (e não é espanhol) da culinária francesa, tais como geléia de carne com espuma de couve-flor por cerca de 1000 Euros e vendo a Torre Eifel e coisas assim. Isso me levou a uma indagação. Por quê gente com dividendos excedentes faz tanta merda na vida com esses dividendos? Essa indagação me fez pensar em Dubai. Que tal morar numa ilha artificial com formato de palmeira? Que tal esquiar na neve dentro de um shoping em plena Arábia? Muito legal, não seria? Ah, tem um restaurante por aí de um engenheiro químico que resolveu transformar tudo em espuma, onde só se consegue uma vaguinha com mais de um ano de antecedência para pagar uns 500 Euros por prato. E pelo tempo de espera, percebe-se que tem muita gente disposta a comer espuma por tanto dinheiro. Indo além, não se pode atribuir essa postura esquizofrênica perante a vida somente a quem tem muitos dividendos excedentes. Quem nunca viu o habitante de um casebre de taipa na beira do canal ter um som de potência extremamente elevada ouvindo aquele brega instigado? Quem nunca viu um celular com câmera com vários megapixels na mão de um carroceiro? Foi-se a época em que o jetski (é assim que se escreve?) era a babaquice preferida pelos cidadãos com dividendos excedentes. Depois de toda essa reflexão, mudo a indagação que fiz no início para a seguinte: Para que servem dividendos excedentes nas mãos do homo sapiens sapiens, este ser racional e iluminado?

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